Antes de arrumar meu emprego
atual eu participei de inúmeros processos seletivos, na verdade, eu participei
de montes de processos seletivos, diga uma empresa grande e provavelmente eu
fiz dinâmica lá, ou entrevista e fracassei, a lista é longa, acho que fiz umas
35 entrevistas...mais do que muita gente faz a vida toda, talvez isso seja até
uma espécie de recorde brasileiro.
Ao menos me tornei um exemplo de
persistência/motivação pra todos que eu conheço “hej, ele fez 7987090
entrevistas até conseguir arrumar emprego, vc fez 5, então relaxa que uma hora
você consegue!”.
A fase na qual eu geralmente
flopava era a da dinâmica de grupo, aliás mesmo depois de quase um ano e meio
sem fazer dinâmica, essa palavra ainda me provoca uma mistura de medo e raiva,
espero não ter de fazer uma novamente por um bom tempo, mas se tiver preferia
encarar uma sessão de tortura chinesa, ou ouvir Michel Teló ou escolha seu
método de sofrimento favorito.
Esses dias foi lançado um livro
chamado “O poder dos Quietos”, de uma mulher chamada Susan McCain, que se
define como introspectiva e que aborda esse tema no livro; uma coisa
interessante é que ela também fala sobre timidez e traça um paralelo entre os
dois, que até então nunca havia parado pra pensar, basicamente o tímido tem medo
do julgamento alheio, já o introspectivo simplesmente prefere ficar na dele e
não liga pro que os outros pensam.
Eu me incluo nos dois grupos e
tava pensando que um dos meus medos em relação á dinâmicas de grupo é que os
avaliadores nunca conseguem lidar direito com introspecção e timidez, eles nunca
conseguem passar através disso e analisar as reais qualidades e competências
das pessoas.
Há inúmeras variáveis em um
processo seletivo, incluindo ai a o cargo do sujeito que pode demandar maior ou
menos traquejo social e cada caso é um caso, mas acho que de modo geral os
avaliadores tendem a associar a timidez e a introspecção a coisas negativas e
não enxergam o potencial do sujeito.
E nessa eu tô culpando
especificamente os psicólogos até porque eu acho que eles deveriam entender
melhor os diferentes padrões mentais e personalidade de uma pessoa. Conversando
com um colega da faculdade, ele disse que um candidato extrovertido e hã...aberto
é uma escolha mais segura, pois você (aparentemente) já sabe o que esperar do
sujeito, fora que geralmente o Rh trabalha com prazos apertados.
É um ponto válido, mas são
perdidos inúmeros bons candidatos com essas formas de avaliação e bem, não é
pouca gente que se define, como introspectiva, tímida ou anti-social, aliás
dependendo da pessoa esse termo tem uma baita carga negativa, mas como eu me
defino como anti-social, sei que isso não significa que eu não vou falar com ninguém
e não irei trabalhar em equipe, significa que eu não sou muito fã de sorrir sem
motivo e que não irei contar minha vida pra você, sendo que te conheci ontem.
A questão é aqueles que não são assim
se tocarem disso e haver alguma mudança nos processos seletivos e na mentalidade
das pessoas, afinal é irritante só por ser mais calado considerarem que tem
algo errado com você.
Ainda tem o fato de que vivemos
em um país que inclusive vende a imagem de ter um povo simpático, falante e
caloroso, em resumo extrovertido, então isso ajuda a entender a falta de tato
pra lidar com introspecção e porque acham que só por você ser mais na sua ou preferir
ler um livro a socializar com todo o galere, tem algum problema e “OH MEU
DEUS!!!111!VC DEVE SER PSICOPATA”.
Meu apoio á todos aqueles que já
ouviram um “mas nossa, como vc é quieto, não fala nada, fala alguma coisa ai!”.
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